26 maio 2008

Caieiras vendo Caieiras

da Redação

Foto: Syã Fonseca
A galera do Observatório: a partir da esquerda, Fábio Caffé, Ratão Diniz e Jaqueline Moraes

Uma nova maneira de olhar para as favelas e periferias, revelando características até então desconhecidas, que passam a ser descobertas por seus próprios moradores, e traduzidas em incontáveis cliques fotográficos. Foi essa visão descolonizada da fotografia que a comunidade da Ilha das Caieiras pôde vivenciar de perto no último sábado (17), durante abertura da exposição, do Observatório de Favelas (RJ).

Com 42 fotografias de moradores e ex- moradores de favelas cariocas, que participam dos projetos sociais da entidade, a exposição atraiu um numeroso público para o Píer da Ilha das Caieiras. Diferente de tudo que já se viu no Estado, as fotos foram organizadas em painéis localizados próximos às casas, sendo inclusive anexadas em algumas delas, o que chamou a atenção de todos que passavam por ali.

Não bastasse a identidade encontrada nas fotografias da mostra, que embora retrate universos distintos, tratam de realidades parecidas, os moradores da Ilha das Caieiras puderam assistir a uma projeção fotográfica, resultado da oficina ministrada durante quatro dias pelos fotógrafos do Observatório Ratão Diniz e Fábio Caffé, a 16 jovens carentes do Centro Cultural Caieiras (Cecaes).

A qualidade do trabalho foi motivo de orgulho não só para os professores, que voltam ao Rio de Janeiro certos do dever cumprido, como pelos próprios jovens e as famílias da comunidade, que viram nas fotos o seu próprio retrato revelado.

Foto: Syã Fonseca
Os moradores da Ilha das Caieiras que participaram das atividades
As imagens dessa nova Ilha das Caieiras deixam de lado o sensacionalismo, a violência e o medo que sempre são relacionados a tais comunidades, provando que é possível promover a cidadania em regiões carentes. A fotografia, nesse caso, atua em favor dos direitos humanos, mudando a realidade de muitos jovens, que passam a ter perspectiva, e enxergam sua origem de maneira enriquecedora e diferenciada.

Mais do que isso, poderão ganhar o mundo, tanto por sua capacidade técnica, como pelo cenário proporcionado por umas das regiões mais belas da Capital. É assim que a entidade carioca segue difundindo a fotografia e revelando novos talentos, que se tornam multiplicadores. Resgata-se, assim, a história das comunidades populares e os processos vividos cotidianamente pelos moradores de diferentes regiões do País.

Para celebrar a importância desse momento, uma grande festa foi preparada para a comunidade, com apresentação do MC Fabinho Carvalho, dos rappers MC Dudu (Suspeitos na Mira), MC Thiago e MC Adikto. Como não poderia deixar de ser, houve também show do Grupo Manguerê, formado por jovens do Cecaes, que pesquisam os ritmos regionais e as músicas pop, até produzirem seu próprio som. Mas a missão vai além das artes: promover a inclusão social, a paz e o desenvolvimento humano.


Serviço
A exposição a Favela vê a Favela e a oficina fazem parte do projeto Vitória Foto, que engloba seis exposições simultâneas e duas oficinas, buscando tornar maio o mês da fotografia no Espírito Santo. As fotos podem ser visitadas até o dia 1 de junho, no Píer da Ilha das Caieiras, na rua Felicidade Correia dos Santos, s/n, Ilha das Caieiras, Vitória. Entrada franca.


Fonte:
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2008/maio/20/index.asp

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