18 maio 2008

Folha Vitória

17/05/2008 às 18h02

Exposição mostra o Espírito Santo em Preto e Branco

Fotos:Divulg./Rogério Medeiros

Utilizando representantes dos mais diversos grupos étnicos presentes no Estado, o jornalista Rogério Medeiros expõe fotos que expressam exatamente o mundo como ele vê: em preto e branco. A exposição acontece a partir das 19 horas na Galeria Francisco Schwartz , na Assembléia Legislativa, e fica até o dia 15 de junho.

Em 40 fotografias, Rogério Medeiros pretende destacar os negros e descendentes europeus no painel racial brasileiro, a partir do Espírito Santo, que é considerado uma síntese do Brasil. Captadas em diferentes tempos, as fotos fazem parte do resultado de habituais e constantes peregrinações do fotógrafo pelos municípios capixabas.

Na entrevista abaixo, o jornalista conta como surgiu a iniciativa de divulgar a cultura capixaba por meio de exposições e livros e seus planos para o futuro.

- Como você começou a se interessar pela cultura capixaba?
Já nasci na cultura do Espírito Santo, com Hermógenes Lima Fonseca, no Folclore; Augusto Ruschi, no Meio Ambiente, no meio dos índios, e junto às etnias que vieram para cá. Essa sempre foi minha área de trabalho. Escrevendo e fotografando.

- Quais são seus objetivos ao estudar e divulgar aspectos culturais do Estado?
É uma visão jornalística, porque escrevo como jornalista e fotógrafo. Embora tenha trabalhado muito em jornais de fora, principalmente no Jornal do Brasil e Estado de São Paulo, o meu universo profissional sempre foi o Espírito Santo. Rodei o Estado inteiro e continuo rodando, porque tenho convicção de é que um dos povos mais bonitos desse País. Há aqui a síntese brasileira, principalmente do ponto de vista racial. Meus olhos sempre tiveram voltados para o elemento humano, que formou esse biótipo capixaba. Então meu objetivo sempre foi mostrar o Espírito Santo.



- Qual a importância de realizar trabalhos como essa exposição?
Eu não tenho hábito de expor em Vitória. Costumo expor nos locais onde fotografo. A mais recente delas foi no Porto de São Mateus, no norte do Estado, sobre os negros. Mas a “Espírito Santo em Preto e Branco” atende a um importante movimento da fotografia capixaba, que resulta nesse projeto Vitória Foto, que eu acho que deve ficar, pois a fotografia do Estado não perde para nenhum outro grande centro do País. E essa importância é mostrada em encontros dessa natureza, quando há confronto, no bom sentido, entre a fotografia daqui e a de outros estados.

- Como surgiu seu interesse pela publicação de livros?
O trabalho jornalístico também proporciona a você fazer um pouco de história, através de texto e fotografias. Daí surgiram os livros Maldição Ecológica, Ruschi, o Agitador Ecológico, e o Encontro das Raças.

- Você está desenvolvendo algum novo projeto?
Estou preparando um livro de índios e quilombolas e pretendo fazer a próxima exposição na aldeia dos índios Tupinikim, em Aracruz.

- Por que você utiliza a fotografia em Preto e Branco para retratar o Espírito Santo?
Porque enxergo o mundo em preto e branco.

- Você acredita que aspectos da cultura capixaba podem se perder com o tempo? Na medida em que entra a monocultura do eucalipto na vida de índios e quilombolas perde-se grande parte da cultura popular. Aí não tem mais o que fotografar, desapareceu. Essa é a trágica realidade do Espírito Santo. Em Conceição da Barra, no passado, existiam 180 grupos de Reis de Bois, hoje não tem nem 30. Os exemplos provam que a cultura se perde, com certeza.


Fonte:

www.folhavitoria.com.br/site/?target=noticia&cid=4&ch=7be802ebcf60ffa13ead4f5bc904ecc7&nid=43983

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